Drago Štambuk, poeta, médico e embaixador da Croácia no Brasil, chegou ao País em maio de 2011, somente poucos meses depois de mim. Dessa forma, fica fácil entender as possíveis confusões que enfrentou no começo de sua chegada, mesmo já tendo viajado pelo mundo inteiro e trabalhado no Japão e Inglaterra.
O Brasil é uma terra que chama a nossa atenção por suas belezas naturais e igualmente por suas diferenças sociais. Essa visão da vida no Brasil, o poeta da ilha Brač reflete com seu olhar de fora em seus textos que publica em croata e também em português. Seu primeiro livro Céu No Poço com poemas traduzidos foi lançado na Livraria Cultura no ano passado, pouco antes da Copa do Mundo 2014.
O autor também foi convidado para conversar com o grande Jô Soares e, assim que entrou no palco, admitiu: “Tenho um pouco de medo de gente como você.” Mas o Jô foi gentil com ele e sua obra alcançou, desta forma, um público maior dentro do Brasil.
Em mais de quatro anos vivendo em nosso país, observando seus arredores com muito cuidado ele escreve sobre o Corcovado, por exemplo.
Picos congelados.
Grãos descalços
sobre as agulhas negras
escorregando alegremente.
Entre os dedos,
a cena se forma de seixos
e de pepitas de ouro.
A paisagem é uma bagunça
que oferece liberdade
para escolha de sentido,
mas só aquele
que é dado por nós.
Štambuk lançou seu segundo livro “A criação inacabada do mundo” este mês pela editora 7 Letras. Meu exemplar já chegou hoje e vou escolher um ou outro poema para postar aqui no futuro.